Felicidade modos de usar

Você acredita que os livros de autoajuda realmente ajudam? Leia este artigo para conhecer mais sobre o livro, Felicidade modos de usar, dos autores Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal e Luiz Felipe Pondé.

Créditos pela imagem: twitter @PlanetaLivrosBR

No ano de 2019, Cortella, Karnal e Pondé lançaram o livro "Felicidade: modos de usar". Após a divulgação sobre o assunto, principalmente no programa Roda Viva, na TV Cultura, o sucesso da obra foi incrível, a ponto de se esgotar rapidamente nas livrarias.

Não é para pouco. Os autores são os maiores pensadores brasileiros a respeito de assuntos voltados à História (Karnal), Educação (Cortella) e Filosofia (Pondé). No denominador comum entre todas estas áreas, há muitas questões que eles conseguem dialogar, e às vezes até mesmo debater entre si, e um destes assuntos é sobre a felicidade.

"A felicidade é, no meu entender, um momento de vibração intensa da vida no qual você se coloca, inclusive com a compreensão de que naquele momento já poderia morrer." - Mario Sergio Cortella

O livro começa com o prefácio de outro grande pensador, Clóvis de Barros Filho, o qual também traz alguns pontos interessantes para discussão, porém, humildemente, deixa espaço para seus colegas esmiuçarem o assunto.

Quando li o livro, fiquei surpresa com muitas frases, definições e perguntas interessantes que, no fundo, estão relacionadas à Psicologia. Por exemplo: Cortella afirma que felicidade é um horizonte de busca, e não um ponto fixo a chegar. Isso me fez lembrar os vários pacientes que atendi e atendo em minha clínica, os quais sempre afirmam que são infelizes porque não "chegaram" ainda a ser felizes.

Isto é sempre um fator de adoecimento mental, sobretudo quando atrelamos felicidade a conquistas específicas, uma massificação das vidas como se a única coisa que importasse fosse o dinheiro e o sucesso. Muitos dos pacientes não reconhecem que já são felizes, até enfrentar perdas, como a de saúde ou de emprego.

Agora, vou mencionar a citação que mais me chamou a atenção. Pondé afirma que felicidade está relacionada à coragem de ser autêntico e cita a si mesmo, quando abandonou o estudo da Medicina no passado para tornar-se filósofo.

É interessante perceber que uma pessoa vive o que afirma para os outros e me fez imaginar todo o julgamento social que deve ter sofrido por abandonar uma área "segura" (no sentido financeiro) para iniciar os estudos em uma área que tinha "tudo para dar errado", em suas próprias palavras. No entanto, se estamos falando de Pondé, é porque ele deu certo e agora sabemos o porquê. É devido a sua coragem em assumir os desejos, as derrotas e a felicidade.

Pouquíssimos pacientes que atendi têm metade desta coragem toda e, não por acaso, poucos realmente se transformam a ponto de alcançar uma sabedoria inabalável perante a ignorância alheia. Assim, poucos são felizes!

Por fim, mas não menos importante, Karnal afirma, dentre outras coisas, que a felicidade está relacionada com a neutralidade perante as aparências, o que praticamente não existe nas redes sociais, já que todos estão sempre felizes.

Esse é o mundo ilusório que muitos pacientes buscam e sofrem por não conseguir, como se a felicidade fosse perene e garantida, principalmente para provar para os outros que a vida deles é boa. Quando a pessoa se liberta disto, ela sente uma sensação de alívio tão grande que amadurece anos em alguns dias. A sobrecarga da ansiedade sai de suas costas e ela simplesmente consegue voar para onde realmente queria ir.

Como é possível perceber, cada frase do livro está relacionada a problemas práticos e reais que as pessoas enfrentam e que as tornam doentes. Começar a refletir sobre o assunto é um caminho possível para soltar-se de todas as amarras da ilusão da felicidade artificial que tentamos criar para nós mesmos como perfeitos tolos.

O livro é relativamente pequeno e é um compilado de um bate papo entre os pensadores. Quem é muito fã de todos eles (como eu) irá ler algumas coisas que já ouviu em alguma palestra deles, já que são muito famosos e divulgados. Porém, há muito material inédito e, o mais interessante, é perceber que nem todos concordam plenamente entre si a respeito dos conceitos, mas dialogam com uma maturidade que, infelizmente, hoje em dia tornou-se raridade.

Talvez as pessoas seriam mais felizes se começassem a dialogar com quem pensa diferente, assim como o fazem Pondé, Cortella e Karnal.

Indico a leitura para todos, sem restrição! Se você já teve a oportunidade de ler este livro conte a sua experiência.

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Tenha uma mente mais calma!