Mahabharata / Bhavagad Gita e a Psicologia
- Mente mais calma
- 25 de mar. de 2020
- 3 min de leitura
A guerra narrada no livro Mahabharata data entre 1000 a.C. e conta a história de uma família que é segregada devido a constantes luta de hierarquia e poder. De um lado, Arjuna lidera seu exército e de outro, Duryodhana.
Arjuna possui um grande conflito interno na iminência da guerra, chegando a abandonar seu arco e suas flechas e sente a boca seca, o que, atualmente, poderíamos facilmente dizer que são sinais de ansiedade pelo olhar da Psicologia.
Devido a este conflito, ele pede ajuda a seu tio, Krishna, que é relatado como um ser humano diferenciado por ter conhecimentos preciosos. O diálogo entre os dois deu origem ao livro Bhagavad Gita, que é um trecho do Mahabharata, mas mereceu atenção especial devido aos detalhes do que Krishna diz a Arjuna.
Bhagavad Gita é uma metáfora sobre nossos conflitos internos perante as adversidades do mundo e sobre a nossa busca por solução. Krishna representa o conhecimento da realidade, aquilo que Arjuna precisava ouvir para dar os próximos passos.
Ele instrui Arjuna a ser corajoso e a combater, ao invés de evitar o confronto. Pela perspectiva da Psicologia, esta é a simbologia do enfrentamento necessário que o ser humano precisa ter para viver a vida, pois o comportamento de evitar as coisas (esquiva) só leva as pessoas à ansiedade.
Krishna também instrui Arjuna a dar o seu melhor, pois “o mundo segue o padrão que ele estabelece”. Ou seja, é necessário preparar-se para o enfrentamento, e não enfrentar de qualquer jeito, assim estaremos nos lapidando em torno do ideal e iremos nos sentir realizados como seres humanos.
Por fim, vale salientar que Krishna também diz a Arjuna não ser dependente do resultado das ações, pois esta é uma forma de aprisionamento perigosa. O sábio, diz ele, é “aquele que permanece o mesmo na alegria e no sofrimento”, pois não é apegado ao que acontece no ambiente exterior.
Neste ponto, me lembro de muitas pessoas angustiadas porque suas vidas “não dão certo”, sobretudo no que diz respeito a um padrão financeiro de sucesso, como se todos tivéssemos a obrigação de sermos faraós ao acumular riquezas. Isso está adoecendo as pessoas, como se a vida se limitasse a um padrão externo específico, o qual Krishna diz ser o menos importante.
Como é possível perceber, Bhagavad Gita é uma metáfora entre o difícil alinhamento entre o coração (Krishna) e a mente (Arjuna). As flechas deste, inclusive, são a representação de nossos pensamentos automáticos, os quais são rápidos e, muitas vezes, nocivos.
Na terapia, sempre digo aos meus pacientes que é possível controlar estes pensamentos, mas, assim como Krishna diz no Bhagavad Gita, também afirmo que “a mente é agitada e difícil de se conter, mas com disciplina e desapego, ela é contida”.
Não é por acaso que os dois livros sobreviveram na história da humanidade durante tanto tempo. São um tratado sobre a mente e o comportamento do ser humano, independentemente da época.
Uma tradição indiana afirma que “tudo o que se encontra no Mahabharata está em outra parte. O que não está nele, não está em parte alguma”. É uma boa definição de perfeição literária e eu concordo! Boa leitura a vocês!
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